sábado, 14 de janeiro de 2012


Pe. Renato Peixinho

Por volta de quatro anos atrás escrevi sobre esta temática, tentando fugir da superficialidade, do simples pode e não pode e construir uma reflexão mais aprofundada.
O tema continua sendo um desafio atual para a Igreja e cabendo sempre mais reflexões. Podemos dizer que o uso da camisinha garante um “Sexo Seguro”? Certamente não. Segurança na relação começa propriamente no conhecimento entre as pessoas. “Ficar”, beijar, namorar sem conhecer profundamente o outro é no mínimo imprudência.
A moral Cristã defende a castidade, reconhecendo o valor e a beleza da relação sexual quando dentro do casamento, e no caso dos casais a fidelidade está na primazia.
Mas o que dizer e como proceder para com as pessoas que não conseguem viver segundo as orientações da moral Cristã? Não temos condições de forçar todos a viverem segundo nossa orientação. Vamos então condená-los? Chamá-los de incapazes de conversão? Virar as “costas” para eles?
Contempla bem esse contexto, a teologia moral, a moral da vida assim reflete: preservar a própria vida e a dos outros é dever de todo ser Humano. Do Cristão mais ainda, pois Cristo veio para que todos tenham vida e vida em abundância. Seria muito importante que as pessoas fossem honestas, transparentes e livres, construindo na base do respeito e da solidariedade relacionamentos fortes e duradouros.
No dia que o ser humano tomar consciência do valor do seu corpo e do corpo do outro, e conseguir esta relação baseada no amor, a vida será diferente.
E neste sentido, Pe José Transferetti, em artigo na Revista Vida Pastoral Afirma: “ a chave para a vida em abundância e saudável não é a obediência cega a normas morais de quem quer que seja, mas a própria consciência, enquanto sacrário, lugar de graça e do amor de Deus”. A escolha é sua, as conseqüências, da mal escolha, além de lhe atingir ainda atinge os outros.O Pe. Vai mais longe: “O uso do preservativo sob determinadas circunstância, é descrito atualmente como algo que preserva a vida... A Igreja Católica entende que, em alguns casos, o uso do preservativo pode se tornar até uma obrigação moral”. Isso, porém, não é razão para promover uma permissividade e promiscuidade em nome de um “sexo seguro” e do uso de preservativo.
Talvez aqui caiba um exemplo para uma melhor compreensão: a esposa é soro positivo, o esposo não, eles mantêm relações sexuais com o uso de preservativos mesmo numa casa de convivência católica, porém existe algo a mais – um acompanhamento integral, rigoroso e amoroso ao casal.
Nos nossos tempos, realmente as pessoas precisam ser críticas e capazes de raciocinar e decidir por si mesmas. Disse ainda o Pe. Trasferetti: “Precisamos de pessoas esclarecidas, e não de robôs que seguem opiniões de padres, agente de pastorais, professores e tantas outras que fingem saber o que não sabem. Basta de falsas explicações e de hipocrisia”. Isso é verdade, mas também não se pode em nome de um decidir por si mesmo, fazer “besteiras” e gerar morte e sofrimentos. É preciso uma autonomia capaz de tomar decisões e se responsabilizar pelas conseqüências delas.
Portanto, não sei se ainda sou retrógrado, atrasado, ou mesmo incapaz de aceitar avanços que para algum são tão óbvios, mas para mim ainda obscuro. Insisto em dizer que a postura da Igreja em manter-se pregando os valores humanos acima de qualquer método moderno ainda apresenta-se como o caminho mais viável.
O que pode está necessitando, por parte da Igreja, talvez seja de um aprofundamento sobre questões como esta que nos confronta com a vida concreta e com a vivência diária na busca de uma vida cada vez mais humana, cada vez mais divina, cada vez mais amável e feliz.
Fonte:
Pe. Renato Peixinho

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