sábado, 7 de janeiro de 2012

BARROCAS: A LAPINHA DE DONA MORENA DE BOA UNIÃO

Foto: jornalanossavoz.blogspot.com

A Lapinha ou presépio
Vendo a matéria do Jornal a Nossa Voz sobre a lapinha de Dona Morena de Boa União, lembrei-me de minha época de criança, quando, na note de Natal, íamos da Fazenda Fortuna para a Pedra (Teofilândia) assistir a Missa do Natal. Todos de roupa e alpercata novas, com alguns trocados no bolso para gastarmos com doces e algum brinquedo barato. Nessa época, padrinhos, tios avós e outros parentes e amigos da família eram muito importantes para nós crianças e adolescentes. Confiantes, depois de pedir-lhes a bênção, logo a pergunta: “Cadê meu natal”? Metendo a mão na algibeira, o padrinho, tio, parente ou amigo tirava algumas moedas e nos davam. Os doces ou brinquedos estavam garantidos.
As mocinhas, próximas a uma barraca de miudezas, abordavam os rapazes que as estavam flertando, diziam: “Meu natal eu quero aqui”. E pegavam logo um vidrinho de perfume Dirce - muito comum na época – ou pegavam um brinco, anel, fitas ou presilha de cabelo e o engraçadinho não tinha como escapar. (Muitos namoros que terminaram em casamento, começaram nessa noite).E assim todos iam se distraindo e o tempo passando até a chegada do Padre Carlos Olympio de Serrinha para a missa da madrugada.
Mas outra atração era a visita às lapinhas nas casas. Cada uma mais linda. Lembro-me da lapinha de Maria Viúva, de D. Dulce, de D. senhorazinha e D. Margarida na fazenda Chama; da lapinha de maria de Moisés na Olaria. Eram armadas com pedras amontoadas, formando um morro; a vegetação era de musgos, samambaia e outras plantas da região; as casinhas que se enfileiravam morro acima eram cuidadosa e artisticamente feitas de papelão, de caixas de maizenas e caixa de fósforos; os animais como ovelhas, vacas, cavalos, jumentos, pássaros eram feitos de argila queimada ou pintada. Em um ponto de destaque, ficava a gruta do o Menino Jesus, seus pais, pastores e, mais afastados os Reis Magos. Não havia pisca-pisca nem energia elétrica havia, mas lamparinas iluminavam todo o ambiente.
O clima era de grande espiritualidade. Era verdadeiramente uma Noite Feliz para a comunidade. Todos sabiam que no Natal festeja-se o nascimento do Rei dos Reis, o Senhor dos Senhores, o Filho de Deus que se fez um de nós, tomou a nossa natureza humana e, “pobrezinho, nasceu em Belém”. Essa mensagem ficou gravada em minha memória e o Natal continua sendo a festa da comemoração do nascimento de Jesus de Nazaré, nosso Irmão, Amigo e Mestre.
A lapinha de Dona Morena tem uma missão que não deve ser esquecida, mas imitada: Resgatar o verdadeiro espírito do Natal e despertar em nós o desejo de sermos discípulos e missionários de Jesus de Nazaré.
Veja também:
Lapinhas, arte, cultura, religiosidade, uma tradição que vem sendo esquecida.
Ao longo dos anos, velhos costumes e tradições vêm sendo esquecidas por uma sociedade que se desenvolve com tamanha velocidade que pode não ter o que mostrar do passado no futuro.
Estivemos na comunidade de Boa União, onde mora a senhora Maria Alves de Queiroz Filha, 73 anos, conhecida como Dona Morena que há 53 (cinqüenta e três anos) segue um ritual que apreendeu com sua mãe, tenta apesar da idade manter viva uma das tradições do período natalino construíndo a Lapinha onde é montado o Presépio... . (Veja matéria na íntegra,
clicando aqui).

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