sábado, 5 de abril de 2014

BARROCAS: PARA ALÉM DOS 14 ANOS DE HISTÓRIA - Parte I

Fonte: Mapa criado pelo navegador Francês Nicolas Sanson em 1656 com o título de Le Bresil (...).
Os jovens universitários Antônio Zacarias e Itan Cruz em Matéria Publicada na edição: 86 Ano 8 - Fevereiro e Março de 2014 do Jornal Impresso aprofundaram a história da cidade com exclusividade para o Jornal @ Nossa Voz, mostrando fatos, situações e conteúdos da nossa história local.
Teremos quatro partes da matéria e publicaremos uma por dia.

Por detrás de uma árvore frondosa há todo um processo que lhe favorecera o desenvolvimento da raiz, o enrijecimento do seu tronco, a formação dos seus galhos fortes para o crescimento das suas folhas e, por fim, a possibilidade real de bons frutos. Neste sentido, Barrocas pode ser comparada a uma árvore e árvore em desenvolvimento nestes quatorze anos de emancipação política. É preciso recuar no tempo para se compreender o espaço no qual vivemos, este espaço que se tornou lugar. Lugar é, a grosso modo, concebido pela Geografia, como um determinado ponto ao qual se é atribuído sentidos e sentimentos; percepções humanas.
 
Falar sobre Barrocas é mais do que falar sobre como ela cresceu e fincou raízes, é necessário se falar das outras árvores que vieram antes e lhe deu a oportunidade de se tornar semente, para que fosse plantada, germinada. Por isso, a compreensão da História do Brasil e do município de Serrinha se faz indispensável. Deste modo, o que hoje conhecemos como o município de Barrocas, estava localizado a cerca de 500 anos atrás na Capitania da Baía de Todos os Santos, confiada em 5 de Abril de 1534 por El-Rei Dom João III de Portugal ao senhor Francisco Pereira Coutinho. Capitania é nome que foi dado à quinze grandes faixas de terra que dividia o Brasil por ordem do Rei português.
 
As capitanias foram doadas a homens de confiança do monarca, a fim de administrá-las em nome de Portugal. Segundo o historiador Epitácio P. de Cerqueira em seu texto Santuário da Padroeira de Serrinha, publicado no ano de 2012 na Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), afirma que nesta região onde também Barrocas está incluída, no nordeste da Bahia, ocupavam “numerosas tribos de diferentes dialetos do grupo lingüístico Quiriri ou Jê” (p.82). O mesmo autor ainda aponta para o fato da existência de dois grupos específicos, moradores destas imediações, os Tocós e os biritingas que compartilhavam estas terras com os outros agrupamentos indígenas, como os “caparaús, arizes, sapuiás e paiaiás” (p.83) que foram apagados da nossa memória enquanto habitantes destas imediações nos dias de hoje. Fonte: Mapa criado pelo navegador Francês Nicolas Sanson em 1656 com o título de Le Bresil (...).
 
Devido, talvez, à forte presença dos Tocós, este pedaço da Capitania da Bahia era conhecida como o Sertão dos Tocós. Ainda de acordo com Epitácio de Cerqueira, os primeiros povoadores dos Sertões dos Tocós, nome provavelmente dado pelos colonizadores brancos, foram descendentes do português Diogo Álvares Correia, o Caramuru, que fora casado com a índia Catarina (p.85). Deste então, estas terras foram passadas de mão em mão por famílias de grande prestígio econômico e social, como foi o caso da família Guedes de Brito. Por meio das fontes, Cerqueira afirma que no ano de 1723 este território fora comprado por D. Joana da Silva Pimentel Guedes de Brito, pela mão de Bernardo Pereira da Silva, onde veio a estabelecer o sítio Serrinha, para onde transferiu a sede da sua fazenda. Serrinha, comenta o Epitácio de Cerqueira, feita então propriedade de Manuel Carlos de Lima “provavelmente tornou-se arraial, na década de 1780. Isso porque, até o ano de 1775, em escrituras, existiam referência ao sitio de Serrinha”.
 
Um fato curioso de se perceber é que Serrinha era pertencente da Freguesia de São João Batista de Água Fria. Freguesia, em modesto resumo, é uma repartição administrativa responsável por determinado território. Neste sentido, o padroeiro do atual município de Barrocas, segundo as concepções católicas, já se fazia presente no nome da Freguesia que englobava esta atual região. Não se é possível falar em um lugar chamado de Barrocas pelo menos até meados do século XIX.

Por Itan Cruz e Antonio Zacarias

 
 

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