quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Dirigente do PSB para políticas LGBT deixa campanha de Marina

Terceira baixa da campanha de Marina Silva
como candidata à Presidência
Foto: EVELSON DE FREITAS / ESTADÃO CONTEÚDO
Secretário nacional do segmento saiu do cargo após recuo no plano de governo

O secretário nacional LGBT do PSB, Luciano Freitas, deixou a coordenação da campanha de Marina Silva. Irritado com o recuo em questões gays no programa de governo da candidata à Presidência, Freitas avisou que se dedicará, a partir de agora, à campanha de Paulo Câmara (PSB) ao governo de Pernambuco.

A saída do dirigente é a terceira baixa da campanha desde que Marina assumiu a cabeça de chapa, há duas semanas. As primeiras defecções foram do secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, e do integrante da Executiva, Milton Coelho.

No sábado, o segmento se reuniu com a coordenação da campanha para discutir o evento que a candidata teria com a comunidade LGBT. Participantes da reunião revelaram que, após as manifestações do pastor Silas Malafaia e a repercussão da comunidade evangélica nas redes sociais, a candidata se viu pressionada a voltar atrás.

Freitas questionou a mudança no programa por pressão de setores conservadores. Ele já havia feito ressalvas a Marina na reunião da Executiva que selou sua candidatura. Na ocasião, o dirigente disse temer que a ex-ministra não seguisse o programa aprovado por Eduardo Campos, candidato do PSB ao Planalto morto no dia 13 de agosto.



As propostas apresentadas na sexta-feira seguiam integralmente as reivindicações que o PSB havia articulado com os partidos da coligação. De acordo com um dirigente da cúpula do PSB, o programa divulgado inicialmente estava de acordo com o que o PSB pensa sobre as demandas LGBT, mas a candidata tem o direito de não assumir determinados compromissos.

— Se o Eduardo tivesse se encontrado numa situação como esta, ele faria o diálogo, não uma errata logo de cara — criticou outro dirigente.

A partir de 2015, Otávio Oliveira será o novo secretário nacional LGBT da legenda.

Recuos

Um dos pontos que foram cortados do programa de Marina é o apoio ao projeto de lei 122, que equipara o crime de homofobia ao racismo, com a aplicação das mesmas penas previstas em lei. Outro recuo é sobre a união entre pessoas do mesmo sexo — no lugar do texto atual, havia a defesa do direito ao casamento civil entre homossexuais.

Malafaia, que liderou uma onda de críticas ao programa de Marina na internet, disse que a defesa do casamento gay é um termo "muito forte para uma sociedade cristã". O pastor disse que não foi o responsável pelo recuo de Marina e sim "a maioria cristã" da sociedade.  

— Eles (da campanha de Marina) sentiram que a dose era muito forte. E tinham de ficar apavorados mesmo (com a repercussão negativa) — comentou.

Para o líder evangélico, Marina fez bem ao recuar. Malafaia — que na sexta-feira ameaçou fazer críticas mais duras se ela não se reposicionasse e cobrou dela a escolha entre sua fé cristã e sua ideologia política — afirmou que a campanha do PSB errou em se influenciar pelo discurso de esquerda e da comunidade gay. Em sua avaliação, os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) foram mais comedidos em suas propostas para a comunidade LGBT.

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