quinta-feira, 30 de agosto de 2012

DIA NACIONAL DO VAQUEIRO


Tiago de Assis
Desde menino, tive sempre uma simpatia pela figura do vaqueiro. Aquele homem com o rosto queimado pelo sol, montado em um cavalo, vestido no seu gibão, perneiras, luvas e peitoral. Morando em Barrocas, em uma daquelas casinhas da Rua do Meio, próximo à estação do trem (casas que ainda se conservam tais e quais eram em meu tempo de menino), eu via da janela, os vaqueiros passarem com boiadas, levando de uma fazenda para outra a cruzar as ruas de Barrocas e saltar a linha do trem.

Nas sextas-feiras, vaqueiros conduziam o gado para o curral da matança, ali mesmo onde é o matadouro antigo em ruína. Às vezes um boi mais arisco desgarrava e danava-se a correr e a chamar a atenção das pessoas que corriam com medo ou ficavam curiosas assistindo o espetáculo. Os vaqueiros corriam as esporas na barriga do cavalo e açoitava a taca e saíam em disparada para atalhar rês e reconduzi-la em direção do curral da matança.

Geralmente, os bois vinham encaretados ou com um cambão no pescoço. A careta era um pedaço retangular de couro amarrado diante dos olhos e preso nos chifres e no focinho. O cambão era um toro de madeira tosco, geralmente de umburana, com uma extremidade amarrada no pescoço do animal e outra ficava arrastando no chão; quando a rês queria correr, o cambão balançava de um lado para outro, batendo entre as patas dianteiras e impedindo a corrida.

Quando o animal se rebelava e recusava ir ao matadouro, se os vaqueiros insistissem, ele ficava valente e investia contra o cavalo e apanhava muito; tiravam até sangue de tanto baterem e furarem com ferrão. Quando o boi ficava muito enfurecido, raivoso, empacava e amuava. Não havia pancada ou chuchada com o ferrão que o fizesse sair do local. Muitas vezes, sangravam ali mesmo. O animal sofria muito antes de morrer. Era o “boi enfezado”. Mulher parida não podia comer carne de “boi enfezado” para não ter problema com o resguardo.

Essas imagens da lida do vaqueiro com o gado eu as guardo na mente até hoje. Essa foi a Barrocas em que eu vivi em minha meninice. Sinto saudades ao recordar. Mas, falando em Dia do Vaqueiro, eu quis me certificar da data comemorativa do Dia do Vaqueiro. Na pesquisa, descobri que, além do dia 29 de agosto, pelo Brasil a fora, há outras datas como o dia 11 de junho e outras.

Alguém acha que “o seu Dia Nacional (o Dia do Vaqueiro) é comemorado anualmente em 20 de julho e a festa tradicionalmente mais importante para o vaqueiro nordestino é a vaquejada. Em Pernambuco, celebra-se também, no terceiro domingo de julho, a Missa do Vaqueiro, uma homenagem a Raimundo Jacó, vaqueiro assassinado por um companheiro no município de Serrita-PE, em maio de 1954”.


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