sábado, 16 de abril de 2011

BARROCAS E AS MINHAS RECORDAÇÕES

Barrocas de minha infância
Nasci em Barrocas em uma casa alugada de propriedade do senhor José Olegário, situada em uma rua que na época nem nome tinha. Depois construíram um açougue e ficou sendo chamada Rua do Açougue; mais tarde, meus pais se mudaram para uma casa também alugada do senhor Aniceto. Esta casa ainda existe, fica na rua paralela à estrada de ferro, pelo lado de cima, próxima à estação. Hoje a rua foi batizada com o nome de João Afonso.


Recebi o batismo na antiga capelinha construída por João Afonso. Recebi o nome de meu pai: Ediel; me chamavam Edielzinho, Diezinho. quando já rapaz, recebi o apelido de Tiago. Gostei do apelido e adotei como pseudônimo. Fui crismado em 1944, já na igreja nova - que depois, ficou velha e foi reformada, ampliada e se tornou igreja matriz.


Cresci ouvindo o barulho do trem e os apitos das locomotivas a vapor. De Barrocas meus pais foram Morar na Fazenda Fortuna. Eu tinha seis anos. Mas não perdi o contato com Barrocas: vinha à feira aos sábados e passava temporada com meus primos, filhos de meus tios Simeão e Pedrinho Pimentel. Mesmo depois que nos mudamos para Alagoinhas, nunca deixei de vir e passar por Barrocas, quando vinha passar férias ou visitar meus avós na Fazenda Fortuna. Vinha e voltava de trem. Fiquei muito tempo ausente por motivo de estudo e de ocupações profissionais. Perdi o contato com Barrocas, com amigos de infância e parentes.


A convite de João Neto, vim a Barrocas em 2007 e passei três dias. Encontrei não mais aquela vila que deixei havia tantos anos, mas uma cidade no padrão das cidades em desenvolvimento da nossa região. Tudo mudado. Não vi mais uma pedreira que havia entre a estação e a igreja nem os grotões escavados pelas enxurradas no barro vermelho da ladeira. Encontrei uma moderna praça com jardim e passeios amplos e bem cuidados - cartão postal da cidade. Também a igreja foi completamente reformada, ampliada - um encanto. A estação desativada; acabaram os trens de passageiros e de mercadorias; senti saudade do apito do trem. Mas vi grande movimento de carros, caminhões e outros veículos. Nem há mais aquele pé de flamboyant plantado pelo senhor Antônio Queiroz, em cuja sombra os feirantes vendiam suas mercadorias nos dias de sábado. Mas vi um açougue e um centro comercial modernos, com boxes para negociantes e espaço coberto para os barraqueiros. Percorri as ruas antigas, as primeiras que surgiram ao redor da estação. Em cada canto eu identificava a casa de um morador antigo, onde havia uma casa comercial. Algumas ainda existem outras cederam o terreno para novas casas. Muitos nomes de pessoas vieram-me à mente. Alguns já morreram, outros se mudaram para outras cidades como eu.


Da frente da igreja. como também lá do alto onde morava o senhor Sinfrônio Queiroz, olhei o horizonte; vi toda a cidade; lembrei de muitos amigos de infância; alguns já se foram dessa vida, outros se mudaram para outras paragens. Só ficou a saudade.


Senti falta da caatinga que a circundava e os pastos adjacentes. Acabou a caatinga. Tudo pasto. Foi aí que me vieram à lembrança nomes de árvores, arbustos e outras plantas nativas; recordei nomes de pássaros e de outros bichos igualmente nativos que habitavam a caatinga da região.

Por falar em pássaros, visite o site: Pássaros da Caatinga.

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