sábado, 26 de fevereiro de 2011

BARROCAS / BAHIA: ARMAZÉNS, VENDAS E BODEGAS




Primeiras casas comerciais de Barrocas.
Na casa da direta (duas portas) foi a venda de Aniceto, depois foi a venda de Antônio de Bispo (Antônio Eloy), entre as décadas de 40 e 40.

Supermercados são estabelecimentos comerciais recentes. Nos primeiros tempos de Barrocas, havia os armazéns onde os cereais eram comercializados. As vendas eram casas comerciais de secos e molhados, isto é, casas onde eram vendidas mercadorias sólidas (secos) e mercadorias líquidas (molhados). As bodegas eram pequenos estabelecimentos onde a mercadoria principal era pinga ou cachaça.
Nos armazéns eram comprados os cereais da região, principalmente milho e feijão, também mamona e depois sisal, couros e peles; não só peles de carneiro e bodes eram compradas, mas também peles de jiboia, teiú, gato do mato, tamanduá.
Numa venda típica da época eram vendidas as mercadorias de primeira necessidade para a alimentação e higiene. Além da farinha de mandioca, feijão, arroz, fubá de milho, vendiam-se açúcar e café em grãos. Havia açúcar branco, açúcar preto, mascavo e mascavinho. O açúcar preto e mascavo eram mais baratos, eram usados para torrar o café. Vinham as carnes do sol, carne do sertão conhecida como charque, jabá, carne de porco de sal preso, toucinho e banha; bacalhau, surubim seco, curimatá salgada (“precata de mulher dama” ou “pracatinha”), vinha de juazeiro da Bahia em fardo de esteira amarrados de corda; latas de sardinha e de kitut; pães, bolachas, biscoitos das padarias de Barrocas e biscoito em lata o mais conhecido eram os biscoitos Tupy; vários tipos de bombons coloridos outros em forma de chupetas e de figuras humanas e de animais, cocadas, bolachinhas de goma, pirulitos, queimados enrolados em papéis coloridos, rosários de amendoim torrado; pimenta-do-reino em grãos, cominho, canela em lasca e em pó, dentes de cravo, alho, cebola e coco; sabão massa, sabão azul, sabão de coco, anil e sabonete; vassouras de palha de ouricuri e de piaçava; fumo-de-corda, charutos, papel-de-cigarro; também cigarros de carteira da marca Colomy, Trocadelo, Yolanda Branca e Yolanda Azul. Depois apareceram cigarro Astória, Baliza e Continental; carretel, novelos e tubos de linha, agulhas, alfinetes, fitas, ligas, botões, pressões, colchetes; papel de carta, envelopes, papel pautado, mata-borrão, lápis, canetas de molhar, tinteiros e bico de pena; cordas, cabrestos; pregos de cumeeira, de caibro, de ripa, de salto, chuliadeiras ou taxas.
Na parte de molhados vinham: Querosene ou gás para candeeiro (fifó); vinagre, azeite de dendê, óleo de coco, óleo de rícino, azeite doce, azeite de mamona e as bebidas em geral. Vendiam também remédios como Biotônico, Capivarol, A Saúde da Mulher, Água Inglesa, Phimatosan, Elixir 609, Óleo de Fígado de Bacalhau, alguns xaropes para tosse, Óleo de Rícino Jonas, remédios de lombriga, pomadas, enxofre, iodofórmio, pó-de-carrapato, vaselina, banha de cacau e outros.
As bodegas, estabelecimentos menores vendiam muita cachaça. Havia a cachaça comprada legalmente, engarrafadas, com selo na tampa (sinal que o imposto tinha sido pago) a mais procurada era uma de nome Chica Boa. Havia outra cachaça de fabricação clandestina vinda em barris de 100 e 200 litros, transportados em lombo de animais ou em carros de boi. Essa cachaça era mais barata e de qualidade inferior, porém a mais consumida; era conhecida com vários apelidos: Caéba, lava-jega, murcha-venta, poca-olho, arromba-peito, água que passarinho não bebe, “a mardita” - (ao pedir no pé do balcão, bastava dizer: “Bota u'a aí!” e o balconista já sabia de que se tratava. Eram encontrados também vinhos; o mais procurado era o Vinho de Jurubeba Leão do Norte. Vendiam também conhaque e “Zinebra”; a cerveja era tomada quente não havia ainda geladeira no povoado.

Algumas bodegas tinham no fundo um reservado onde se jogavam baralho e outros jogos de azar: “três sete”, “Vinte e um”; jogos de dado: caipira, pio e ponto maior e outros. Nos bares havia o jogo de bilhar ou de Snook.

A segurança em Barrocas naquela época se limitava ao Juiz de Paz, Inspetor de Quarteirão; depois nomearam um subdelegado de polícia e veio um "praça" (soldado de polícia). As brigas de bêbados eram freqüentes. Quem apartava era a turma do deixa-disso.

Na venda de Antônio Queiroz se vendia tudo isso e ainda cortava boi no dia da feira, sábado. Vendia também tecido: brim cáqui, mescla, linho, tafetá, organza, organdi, tricoline, opala, opaline, bulgariana, madrasto, algodãozinho, ganga, chitão, chita, gorgorão, anarruga e artigos de armarinho.
Nós que já passamos dos 60 anos temos muito o que recordar daqueles primeiros tempos de Barrocas e comparar com os novos tempos cheios de orgulho em ver o progresso de nossa terra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário