quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Com Dilma, o Brasil se tornou um país à deriva

Adelson Elias Vasconcellos
Não sei qual foi o preparo dado à senhora Dilma Rousseff para o debate na Globo. Acho que, em alguns momentos, deve ter-lhe baixado a pressão e ela se desligou das instruções de seu marqueteiro. Sua atuação não poderia ter sido pior.

Repetiu as mesmas mentiras, as mesmas confusões, as mesmas mistificações, as mesmas estatísticas deturpadas e manipuladas da forma mais vigarista possível. Mas o que mais chamou a atenção foi a tentativa de tentar roubar para si e para o governo de Lula, obras construídas, arquitetadas e implementadas justamente pelo governo a quem ela mais se opôs ao longo da campanha. Afirmar, como fez, que Pronaf, ENEM, Fies são obras dos governos petistas? Em que mundo esta senhora imagina ter vivido antes de seu partido alcançar o poder em 2003?

Nunca vou esquecer as barricadas erguidas por Lindergh Farias, candidato petista a governador do Rio derrotado, tentando sabotar o ENEM, impedindo os alunos de terem acesso aos locais de provas! Não, senhora Rousseff, o ENEM foi um exame de avaliação da qualidade e desempenho dos alunos do ensino médio, criado por Renato de Souza, ministro da Educação do governo FHC, infelizmente já falecido.

Quem deturpou o exame foi o PT que, não podendo roubar no grito a obra alheia, tratou de desvirtuar seu objetivo principal, criando o vestibulão, que foi no que o ENEM se transformou. Hoje, pelo ENEM, não se pode mais avaliar a qualidade do ensino médio no país e, em consequência, buscar soluções para a melhoria desta qualidade. Aliás, o ensino médio é o que tem maior evasão escolar e o que apresenta os menores índices de eficiência dentre os diferentes degraus da educação brasileira.

Depois, em relação ao PRONAF, quis comparar o volume de recursos repassados pelo programa à agricultura famíliar, de vinte anos atrás com os atuais. Isto é um absurdo descomunal. É evidente que a arrecadação federal cresceu muitas vezes nestes vinte anos. O que Dilma deveria ter feito, e não fez por conveniência, era atualizar os valores de vinte anos atrás pela taxa de inflação do país ocorrida no período. Depois, tentou insinuar que a estabilidade econômica e o fim da inflação foram obras do PT. Neste ponto, a vigarice da senhora Rousseff extrapolou qualquer limite de indecência. Veja abaixo o histórico real - não manipulado - sobre a inflação brasileira:

Claro que para os petistas a atuação de sua candidata deve ter sido soberba. Porém, para quem cuidou dos detalhes, das afirmações, das respostas, de maneira fria e sem torcida, apenas se guiando pelo conhecimento de História e o bom senso, não resta dúvida de que talvez tenha sido este debate na Globo o de pior atuação da senhora Dilma. Não dá para dizer que seu desastre vá influenciar o eleitor no domingo, ou que seu desempenho desastroso será suficiente para empurrar Aécio para a vitória.

Porém, é possível concluir que Dilma é completamente despreparada para ocupar a presidência. Seus quatro anos foram suficientes para chegarmos a esta constatação. Não há índice econômico que tenha se salvado do desastre. Até o tal pleno emprego é lorota, só possível de ser admitido mediante manipulação e truque estatístico. Na verdade, o que se tem neste campo, é que aumentou o número de brasileiros desocupados, e reduziu-se a força de trabalho ativa. Isto não é uma questão de opinião, Trata-se de um fato medido e divulgado pelo próprio IBGE.

Um detalhe ainda em relação à agricultura: durante mais de uma década, a produção total de grãos do país se manteve estagnada entre 70 e 80 milhões de toneladas. Foi a partir de FHC que conseguimos atravessar, pela primeira vez na história, a barreira das 100 milhões de toneladas, e isto apesar de dois anos seguidos de imensa estiagem que afetou a maioria das culturas. Tanto é assim, que na região de maior produção agropecuária nacional, a região Centro-Oeste, o PT jamais conseguiu vencer a eleição presidencial.

Dilma, tentando atingir o candidato Aécio Neves, falou sobre a crise híbrida que atinge principalmente São Paulo mas que também já afeta Rio de Janeiro e Minas Gerais. Tentou colar no tucano a incapacidade de planejamento do PSDB. Primeiro, as principais nascentes do Rio São Francisco estão secas, e ao longo do rio a navegação se tornou impossível. O Rio São Francisco não cruza São Paulo. Muitas hidrelétricas reduziram suas vazões e sua capacidade de geração por conta da prolongada estiagem, a maior dos últimos 80 anos. Seria o mesmo que acusar o Japão pelo desastre do terremoto que provocou um tsunami mortal para milhares de pessoas. Alguém é capaz de planejar desastres naturais? Tanto é assim que, em razão da estiagem, toda a rede de usinas termoelétricas está operando na capacidade máxima para o país não ficar no escuro. E, estivesse o país crescendo a razão de 4 a 5% ao ano, e estaríamos convivendo com apagões e racionamento por conta do baixo nível dos reservatórios.

Isto, senhores, é respeitar a história, é respeitar os fatos, é olhar a realidade sem paixão, mas com a análise fria de quem se importa com os problemas que nos atingem. Porque, primeiro, é preciso reconhecer que os problemas existem, situação da qual Dilma foge como o diabo da cruz.

O que lamento, sinceramente, é que a grande maioria do povo brasileiro tem formação deficiente e informação insuficiente. Não fosse isso, e Dilma já teria perdido a eleição no primeiro turno. Porque o baú de mentiras que contou e espalhou não encontraria eco suficiente para lhe garantir um segundo turno.

Uma das questões colocadas pelo Aécio foi a tal construção do porto de Mariel, em Cuba. Já nem vou entrar nos detalhes das condições super facilitadas do financiamento, não concedidas a nenhuma empresa que atue no Brasil. Afirmou a senhora Rousseff que o financiamento garantiu milhares de empregos no país. Ok, vamos considerar que tal geração de empregos seja verdade. Porém, pergunto: quantos outros milhares de empregos a mais teriam sido gerados se os financiamentos tivessem sido direcionados para a ampliação e modernização dos portos brasileiros? Mais: quanto em custos e aumento da nossa competitividade teriam os mesmos investimentos proporcionado ao país, se o mesmo volume de recursos tivessem sido aplicados em portos e terminais localizados no Brasil? Ou, acaso, Dilma não sabe das imensas filas e demora para embarque e desembarque dos nos principais portos? Ou ignora que a perda da competitividade brasileira se deve, sobretudo, ao custo Brasil, no qual a infraestrutura tem enorme peso?

Além disso, à época, se alegou que a operacionalização do Porto de Mariel iria beneficiar o comércio bilateral com Cuba, facilitando a exportação de produtos brasileiros. Dois meses depois da visita de Dilma ao tal porto, Cuba não se envergonhou nenhum um pouco em firmar um acordo com a Rússia para que aquele país operasse o porto, além do que o que entra em Cuba são produtos chineses e não brasileiros. Dilma às vezes parece perder qualquer linha de raciocínio e vai despejando números que são verdadeiras aberrações. Destacou que a construção do porto teria gerado 450 mil empregos no Brasil, e isto não passa delírio puro.

Terá o eleitor o mesmo discernimento sobre a atuação de Dilma no debate que o que acima apresentamos? Não sei. Como disse, é preciso ter vivido e conhecido a História recente do país para não cair no conto do vigário e aceitar, sem pestanejar nem retrucar, as muitas mentiras e impropérios citados por Dilma Rousseff.

Na questão da reforma política Dilma deu uma rateada legal: afirmou, sem meias palavras, que o financiamento empresarial coloca dentro das campanhas o fator econômico. Estaria falando por experiência própria, é?

Sobre corrupção. Dilma esqueceu completamente que já está em vigor a chamada Lei Anticorrupção, que ela própria sancionou e que tem dispositivos muito rigorosos também no tocante à punição dos empresários corruptores. É uma lei que o governo até hoje não regulamentou, por que será, né? Será para não ter de “punir” os petistas enrolados no escândalo da Petrobrás?

Para encerrar sua imensa coleção de absurdos, Dilma atacou Aécio pelas verbas de publicidade recebidas por uma emissora de televisão da família dele. Que mancada, hein, presidente? A família do tucano não possui nenhuma TV. E Aécio nem perdeu tempo em responder.

Nesta sexta-feira, divulgou-se que o rombo das contas externas do país bateu novo recorde histórico. E segue em tendência de alta. Pode ainda não ser uma ameaça à estabilidade do país. Contudo, juntando-se tudo que de ruim este governo costurou nos últimos quatro anos, impossível não reconhecer que a estabilidade está sim ameaçada. Que o desemprego já existe, e tende a aumentar ainda mais. Que a queda da produção industrial continuará sua regressão perversa em relação aos empregos de maior qualificação e maior renda. Que o endividamento tende a aumentar, com o pagamento de juros comprometendo fatias cada vez maiores do orçamento da União, hoje já superando os 50%. Que a inflação não refreada, tolerada sempre próxima ao teto da meta, continuará corroendo os ganhos de renda e salários dos últimos anos. E que o conjunto de toda esta obra ruim vai nos colocar na rabeira do crescimento econômico mundial. Se é para comparar, vamos por o papo furado de lado e ir ao ponto. Vejam o quadro abaixo:

O debate sob todos estes pontos de vista não deixa dúvida sobre o despreparo da senhora Rousseff. É preciso mudar agora, já, e a principal mudança, ou o primeiro passo para a mudança acontecer de forma virtuosa, é afastando o atual do comando do país. Do contrário, como já afirmamos em outros textos, dentro de quatro anos, estaremos discutindo as mesmas mazelas, os mesmos retrocessos, o mesmo crescimento pífio, as mesmas necessidades não atendidas, e ouvindo o mesmo discurso enganador. Creio que depois de 12 anos, chegou a hora do BASTA. O Brasil, pela sua grandeza, por suas imensas riquezas e potencialidades, pela infinidade de oportunidades que oferece mas num ambiente não são aproveitadas, não pode continuar sendo governado por quem sequer se dignou em apresentar um plano mínimo de governo. O desastre destes últimos quatro anos resultou em deixar a economia e o crescimento do país à deriva.

Ou o eleitor acaba com o terrorismo, ou o terrorismo acaba com a democracia Neste domingo compete ao eleitor brasileiro acabar com o terrorismo, dando uma resposta direta de que não aceita mais campanhas desonestas como as protagonizadas pelo PT. Junto, também dirá não admite mais roubalheira de dinheiro público por um partido político. E a resposta é dizer para uma questão e outra é uma só: varrer o PT do Planalto. Ou se faz isso, ou quem perderá, e muito, é a democracia do Brasil. Este bandido de criminosos e delinquentes devem ser julgados, condenados e presos, além de proibidos de exercer cargos públicos de qualquer natureza. O que não pode, é o Brasil ficar à deriva por ser governado por uma presidente sem a qualificação que o cargo exige. Mas é o eleitor quem decide. Então, o que vai ser?

Postado por Adelson Elias Vasconcellos

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