sexta-feira, 13 de maio de 2011

O CAMALEÃO

Cumpro o dever de pedir desculpa ao ilustre filhote de camaleão (foto) que visitou a casa de minha conterrânea em Barrocas. Peço desculpas por o terem chamado de "bicho feio" e de pensarem que fosse um animal perigos, conforme foi noticiado no Blog jornalanossavoz.blogspot.com.

Nada disso. Ele - o que aparece na foto - é ainda um bebê-camaleão.
Ele adulto, chega a ter um metro de comprimento. É lindo. O camaleão é inofensivo. Quando agredido, defende-se com sua longa cauda, dando chicotadas que deixam o vinco onde toca.

Quero pedir desculpas a toda a família dos camaleões por haver em Barrocas quem os desconheça. Eles não são estranhos, não são invasores, eles estão no seu habitat. Nas caatingas de Barrocas, nas roças de plantações, nos pastos e até nos limites dos terreiros das casas rurais onde havia árvores grandes, podiam-se ver camaleões. Eram conhecidos de todos.

Eles se alimentam de insetos e outros pequenos animais. Porém, seu alimento preferido são as folhas novas das árvores. Era muito comum encontrá-los, nos meses de primavera, sobre pés de barrigudas, umbuzeiros e outras árvores comendo os brotos novos.

Havia muitos camaleões na região antes do desmatamento. Caçadores ou não, gostavam de apanhá-los para variar o seu cardápio. Eu mesmo, quando menino na Fazenda Fortuna (a 12 quilômetros de Barrocas e três quilômetros de Teofilândia), cacei alguns camaleões nos terrenos de meu avô Pedro Pimentel de Oliveira (Pedro da Fortuna). Os matava, não por malvadeza, talvez levado pelo meu instinto genético como descendente dos índios. Quando menino, não usava arco e flecha como meus irmãos os índios, mas era bom no badogue.






Depois de morta, a caça era passada no borralho para tirar a pele; era esfolado e, depois, moqueado sobre brasas no espeto. Então estava pronta para ir à panela depois de temperada. Prato apetitoso.

Na quela época, até se justificava a caça, pois os camaleões eram abundantes e havia muita terra desmatada e muitos umbuzeiros e barrigudas pelas roças e pastos. Onde eles viviam e se reproduziam. Ajudava na economia familiar do catingueiro. Além disso, o camaleão é muito prolífero. Ele põe ovos, cerca de 30 unidades em cada desova.





Hoje é um animal raro. Quase em extinção. Desmataram as caatingas, destruíram seu habitat, tornou-se um desconhecido. Os que restam, não encontrando árvores no campo, começam a migrar para a cidade em busca de árvores nos quintais.

Espero que nosso bebê-camaleão da reportagem do Blog tenha sido devolvido à liberdade, solto em alguma área arborizada, longe de gatos e outros predadores. Longe do alcance dos badogues de moleques como eu fui. Respeitar e defender a Vida no planeta é dever de todos nós.











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