domingo, 22 de maio de 2011

O BOI DO ROSÁRIO

Lá pelo fim da década de 40 e início de 50, um senhor da Pedra (hoje, Teofilândia) comprou um boi a José Manoel da Cunha, morador da Fazenda Rosário (Barrocas), conhecido como Zuza do Rosário. Esse boi tornou-se famoso pela sua brabeza. Vendido, ele foi levado junto com a boiada para o curral do Limoeiro. Lá ele pulou fora da boiada e começou a história. Vaqueiro nenhum conseguia trazer aquele boi para o curral.

Era um boi pé duro, de cor azulada. Depois de famoso, ficou conhecido como o Boi Azulzinho ou Boi do Rosário.

Sua fama foi se espalhando, chegando a juntar até 30 vaqueiros das fazendas e povoações vizinhas para pegar esse boi velhaco. Ele pulava cerca, invadia roças de plantação, pastos, capoeiras e caía na caatinga – abundante na época. Bastava o animal avistar um vaqueiro para sair em disparada e se embrenhar na caatinga. Ninguém o encontrava mais. Quando era avistado, ele se sumia como por um encanto; diziam até que ele estaria “rezado”. À noite rompia a cerca das roças e ia comer a plantação.

Até que um dia, Casimirinho da Fazenda Tanque Novo viu o estrago que o bicho tinha feito à noite em sua roça. Descobrindo um buraco na cerca por onde o animal passara, teve uma ideia e, caladinho, arranjou umas cordas de couro grossas e armou um laço. O boi passou o dia escondido e com fome, e à noite voltou à roça desse cidadão em busca de alimento; ao meter a cabeça no buraco da cerca, o laço desarmou e ele ficou preso.

Pela manhã, o bicho velhaco estava lá preso no laço. A notícia da vitória de Casimirinho sobre o “boi encantado” se espalhou. Não ficou vaqueiro na região e curiosos que não fossem ver o animal tão falado. Era um boizinho de poucas arroubas, mas que tinha ficado famoso em desafiar os melhores vaqueiros da região. O Azulzinho foi morto e comido pelos vaqueiros e curiosos, depois de sapecado na brasa.

Mas a fama do boi não ficou somente aí. Na Pedra (Teofilândia) ou em Barrocas, quando havia um freguês mau pagador, os donos de vendas e bodegas chamavam-no de “boi do Rosário”. Isto é, freguês velhaco.

Quem estiver interesse em saber mais sobre o Boi do Rosário, procure o senhor José Miranda da Cunha, conhecido como Zé de Virgínia, residente em Barrocas. Ele confirmará essa história e ainda recitará uns versos do livrinho publicado em literatura de cordel que foi publicado na época sobre o Boi do Rosário.

Fonte: BARROCAS, Origens, Fazendas, Pessoas, Política, Fatos - João Gonçalves Pereira Neto & Tiago de Assis Batista - 2011.

Nenhum comentário:

Postar um comentário