segunda-feira, 9 de agosto de 2010

BARROCAS VOLTA À CONDIÇÃO DE DISTRITO DE SERRINHA (31 de dezembro de 1988).


A emancipação de Barrocas contrariou os interesses dos Municípios de Serrinha, Teofilândia e Araci. Diante disso, por intermédio de cinco eleitores, influenciados por políticos da região, foi pedida, em 31 de dezembro de 1988 uma representação alegando inconstitucionalidade da Lei Estadual que emancipou Barrocas. A representação tinha o seguinte teor:
“Ezequiel Araújo Ferreira Filho, Diógenes Araújo Ferreira, Antônio da Silva Barreto, Josefa Rodrigues do Nascimento e Silvinha Bispo de Miranda, títulos de eleitor nºs 39513, 17506, 21680, 9616 e 39458, respectivamente, vêm no prazo legal, solicitar a V. Excia, que se digne oferecer Representação por inconstitucionalidade da Lei Estadual nº 4.444 de 09 de maio de 1985 que criara o município de Barrocas, neste Estado da Bahia...”. (Conf. Processo).
Julgada e deferida a solicitação de anulação, Barrocas voltou a condição de Distrito de Serrinha, após ter funcionado legalmente como município, com todos os direitos e deveres que lhe competiam, da data de sua emancipação até 31 de dezembro de 1988.

SOLIDARIEDADE DOS AMIGOS DE BARROCAS

Diante de tamanha injustiça e barbaridade que foi a impugnação da emancipação de Barrocas, os seus amigos - políticos partidários ou não - jamais perderam a esperança de rever Barrocas independente e se mantiveram solidários. Vejamos os depoimentos de alguns entre tantos amigos de barrocas:

Salvador, 20 de dezembro de 1991

Prezado senhor, amigos e conterrâneos:

Sempre venho acompanhando os acontecimentos que por aí se dão. Fiquei bastante chocado com as atitudes incoerentes dos nossos vizinhos (Serrinha, Teofilândia e Aracy), em tirar a independência de nossa cidade, para conseguirem “roubar” em plena luz do dia o que sempre foi nosso e espero que em breve volte a nossas mãos.
É mais que necessário que todos se unam nessa luta. É preciso encarar de frente e de imediato. Chega de humilhação e pouco caso. Vamos dar as mãos numa corrente forte, e se preciso entrar com uma ação na justiça para reaver o que a nós pertence de fato e de direito. Não vai ser fácil. Se conseguirmos outra vez a independência política e desvinculação de Serrinha, passaríamos a ter o total comando sobre a Fazenda Brasileiro que faz parte do nosso município. Aí Serrinha, Teofilândia e Aracy cassariam outra vez o nosso título e colocar-nos-iam outra vez aos seus pés, que estão bastantes sujos e voltaríamos ao que estamos hoje.
Está bem evidente que é preciso levar até a Justiça esta polêmica, pois ambos vão tentar por todos os meios inviabilizar essa nossa reconquista.
Temos que nos unir. Não só o povo em geral, como também os políticos, todos. Não importa a legenda. O momento é de união e não de divisão. Após resolver a questão da desvinculação, então se organizam em partidos para disputar as eleições.
No momento todos os moradores sofrem as conseqüências na pele. No entanto, apesar de toda a situação complexa, tem alguns que não foram prejudicados. Isso porque creio que continuam exercendo a função de vereadores e recebendo todo mês a sua parcela que é simplesmente a parte de negligência e falta de respeito para com todos os moradores sofridos, dos campos de sisal, maus pagos e cheios de desesperanças no meio do sol ardente como também daqueles que se retiraram para ganhar o pão noutro local, porque a oferta de emprego não existe; Isso porque as vagas que surgem são restritas aos entes queridos... São poucos inteligentes, só olham o próprio bem-estar. Não sabem estes, que se a cidade cresce, desenvolve, todos ganham com isso, inclusive eles. Falta então, consciência política. Para nós falta tomarmos consciência de tudo, e unirmos as forças, regaçar as mangas e partir para as conquistas. Não vamos deixar que as três façam o que bem entendem.
Estamos distantes, mas não alheios aos acontecimentos. Vamos reconquistar nossa autonomia e desenvolvimento dessa nossa cidade, que apesar do que aconteceu, continua viva e capaz de reconquistar seu lugar. Temos forças e apoios, condição etc. Só resta formarmos uma corrente forte e buscarmos o que a nós pertence.
Só não entendo porque até agora não se manifestaram as atitudes das três cidades?
Sr. João, mesmo distantes, todos nós torcemos por isso. Gostaria de dar minha parcela de contribuição. Mesmo que seja com simples idéias e atitudes para obtenção do nosso intuito.

Abraços para todos.
FELIZ NATAL
Leonys Pereira



DE JOÃO OLEGÁRIO PARA LEONYS:

Barrocas 31 de dezembro de 1991.
Meu caro jovem Leonys,
Um abraço
É com muita satisfação que acuso o recebimento de sua carta que considero mais como uma mensagem datada de 20 -12-91. Você sabe da luta que venho enfrentando há muito tempo por nossa Barrocas. Agora mesmo, diante de um silêncio total de Serrinha e de grande parte dos barroquenses, principalmente de nossos adversários, venho enfrentando praticamente só uma luta tremenda e quase sem proveito. É como se remar contra a maré. Tanto que já estamos no fim da jornada e as esperanças são poucas, de salvar nossa terra, pelo menos desta vez, e mesmo assim não vou parar principalmente depois de ter recebido sua comovente mensagem e ter certeza que não estou só e que conto com jovens como você que mesmo estando fora daqui está dando provas através de sua correspondência que não se esqueceu de nossa Barrocas. Isto é muito importante e nos dar mais estímulo e coragem para, apesar dos meus 71 anos completos, não parar de lutar pela recuperação da independência e o progresso de nossa terra. Tenho certeza que você está acompanhando de perto e assim sendo estar vendo que a esta altura já estamos quase sem esperança mais enquanto faltar um só minuto eu estarei atuando para ver nossa terra independente. Já lhe incluir na relação dos autênticos Barroquenses e de um dos meus aliados em defesa de Barrocas e tenho certeza que juntos chegaremos lá.
Caso seja confirmado o plebiscito espero contar com sua presença para nos ajudar. Estou próximo ir até Salvador. Se for, farei o possível de chegar até você. Quando vier a Barrocas apareça em nosso sítio. Desejo-lhe um Ano Novo feliz extensivo aos nossos conterrâneos que estiverem próximos de vocês, especialmente o jovem que trouxe a correspondência.
Do amigo
João Olegário de Queiroz

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