sexta-feira, 2 de julho de 2010

O JOÃO NETO QUE VOCÊ NÃO CONHECE

Foto: João Neto

Homens simples, trabalhadores e idealistas marcaram e continuam marcando a história de Barrocas. No livro “BARROCAS, uma filha da estrada de ferro”, seus autores lembraram José Alves Campos (José da Espera) e sua esposa Felisberta Maria de Jesus, donos das terras onde surgiu o povoado de Barrocas com a passagem da estrada de ferro; falou-se da família Teles e dos Queiroz descendentes de Sinfrônio ou a ele relacionados; foram citados os nomes de João Afonso da Silva que foi o primeiro comerciante de Barrocas, que trouxe a escola pública para o povoado e construiu a primeira capela; citou-se Pedro Esmeraldo Pimentel, o terceiro comerciante, além de tantos outros. Muitos emprestaram seus nomes para batizarem ruas estabelecimentos públicos da cidade.
Mas ainda há muitos barroquenses importantes que estão no anonimato após a morte ou ainda vivos e idosos espalhados por outros recantos. É preciso lembrá-los e fazer com que as gerações mais novas os conheçam.
João Gonçalves Pereira Neto, ou simplesmente João Neto, hoje com quase 90, é um desses barroquenses ilustres que pouca gente conhece sua história. As pessoas de Barrocas ligadas a Igreja o conhecem e estimam como um homem de fé e diácono permanente. Mas poucos sabem que ele é condecorado pelo Exército Brasileiro com a Medalha de Campanha - uma condecoração concedida aos militares brasileiros, ou de nações aliadas, quando incorporados a forças brasileiras, que tenham participado de operações de guerra sem nota de desabono. Foi criada pelo Decreto-Lei nº 6.795, de 17 de agosto de 1944.
O barroquense João Neto foi convocado a servir ao Exército Brasileiro e, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), foi mandado como expedicionário a lutar na Itália contra as forças inimigas.
Em 25 de novembro de 1944, ele embarca no navio de guerra no Rio de Janeiro com destino à Itália. Só retorna à Pátria em primeiro de outubro 1945. Retorna vitorioso. Depois de dispensado do Exército, ingressa na estrada de ferro como telegrafista, trabalhando em Itareru e Serrinha. Daqui em diante começa uma nova fase em sua vida. Constitui família, exerce várias atividades civis até se aposentar, em 17 de maio de 1973, como funcionário da Petrobrás.
Ele conta, na sua autobiografia, toda sua trajetória desde o momento em que recebe o comunicado para embarcar imediatamente no primeiro trem de Barrocas a Salvador para se apresentar ao comando do Exército, suas atividades como recruta, como soldado, como expedicionário, combatente, até sua volta ao Brasil vitorioso com o Exército Brasileiro.
No relato, ele poupa ao leitor as emoções de um jovem que deixa sua mãe aflita, sua terra, suas namoradas, para arriscar sua vida nos campos de batalha, em outro país distante e desconhecido. Ele só diz que sua mãe, depois da notícia, lhe deu algum dinheirinho para a viagem, fez um embrulho com suas poucas roupas e ficou chorando. Ele, com seu embrulho de roupa debaixo do braço, segue a pé da Itapororoca em direção a Barrocas, de lá para Serrinha e de Serrinha para Salvador.
Em Salvador, seu alojamento são o Forte de São Pedro e o Forte do Barbalho. Ordens militares a cumprir, treinamento de guerra a aprender até o dia em que toma o navio e vai por em prática, no campo de batalha o que aprendeu. Quem imagina o que se passou na mente e no coração desse rapaz diante de tantas experiências? E a ansiedade, a incerteza? O que se passou no coração daquela mãe? Só outra mãe pode compreender.
Mas tudo passa! Tudo passou. João Neto voltou da guerra para alegria de sua mãe que o recebeu com abraço carinhoso e com lágrimas de felicidade; alegria de toda a família e dos amigos e amigas. Uma missa foi celebrada em ação de graças na igreja de Barrocas, pela volta vitoriosa de um ex-combatente. Foi sua mãe, D. Maria Eustáquia, quem mandou celebrar.
As novas gerações de Barrocas devem conhecer melhor a história de nossa gente e se orgulhar dela.
(Na foto menor, João Neto com a farda do Exército).

Um comentário:

  1. Parabéns Tio João Neto por contar a história da nossa cidade,coisa que poucas pessoas conhecia.
    Essa história vai ficar quardade por muitos anos ou quem sabe até pros meus futuros filhos e netos.


    Um forte abraço. Lúcia Pereira.

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