sábado, 23 de janeiro de 2016

“Quem é tão honesto, como Lula alega ser, não deve ter tanto medo de depor”, afirma Silvio Torres

Apenas dois dias após dizer que não “existe uma viva alma mais honesta do que eu”, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu para ser dispensado da convocação para depor como testemunha de um processo ligado a Operação Zelotes, que investiga a compra de medidas provisórias durante o seu governo. De acordo com matéria da Folha de São Paulo desta sexta-feira (22), os advogados de Lula justificaram o pedido alegando que o petista “nada mais tem a acrescentar” em relação ao que foi esclarecido no depoimento feito à Polícia Federal no último dia 6, em outro inquérito da Zelotes.

O secretário-geral do PSDB, deputado federal Silvio Torres (SP), destacou a incoerência entre o discurso e os atos do ex-presidente. “Quem é tão honesto, como Lula alega ser, não deve ter tanto medo de depor. Essa alegação usada por ele, de já ter dito tudo o que tinha para falar, para deixar de atender à convocação mostra que o Lula não está com vontade ou disposição para colaborar com as investigações”, avaliou.

Lula foi convocado para depor como testemunha do lobista Alexandre Paes dos Santos, preso sob a acusação de ter participado da compra de MPs que interessavam ao setor automotivo. A defesa do ex-presidente afirmou, em petição enviada à Justiça Federal de Brasília, que o petista já havia fornecido as explicações sobre o assunto no depoimento dado à Polícia Federal durante as investigações do inquérito da PF que apura pagamentos a Luis Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente.

Segundo matéria do Estadão, Lula chegou a afirmar, durante o depoimento, que a associação com lobistas para viabilizar MPs é “coisa de bandido” e que “tanto ele quanto seus parentes jamais exerceram lobby ou consultoria empresarial”, apesar do pagamento de R$ 2,5 milhões feito pelo lobista Mauro Marcondes Machado, preso em decorrência das investigações da Zelotes, ao filho do ex-presidente. A crítica de Lula a esse tipo de ato, ao mesmo tempo em que a ligação de seu filho com um lobista preso é investigada, também foi analisada por Silvio Torres. “Como sempre, ele busca confundir a opinião pública, querendo se mostrar como um injustiçado, um perseguido. A lama já está chegando a Lula e ele só quer se vitimizar”, destacou.

O jornal também destaca que os R$ 2,5 milhões recebidos por Luis Cláudio podem estar relacionados não somente com a edição de MPs, mas também com a aquisição de caças suecos pela Força Aérea Brasileira.

A possibilidade de Lula não prestar um novo depoimento depende da avaliação de Marcelo Leal, advogado do lobista Alexandre Paes dos Santos, que arrolou o ex-presidente como testemunha. Leal insistirá na convocação de Lula se entender que as respostas dadas pelo petista no depoimento anterior não forem satisfatórias.

Mais ligações entre petistas e condenados

O envolvimento entre Jaques Wagner, ministro-chefe da Casa Civil, e Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS condenado a mais de 16 anos de prisão pela participação em crimes investigados pela Operação Lava Jato, foi evidenciado mais uma vez com a notícia, também publicada pela Folha de São Paulo, de que a filha do petista é funcionária da Enseada Indústria Naval, empresa que tem a empreiteira OAS como uma das acionistas.

O fato não é, entretanto, a única ligação entre os nomes de Wagner e Pinheiro. Mensagens de celular analisadas pelos investigadores da Operação mostram que o ministro e o empreiteiro haviam negociado doações para a campanha petista à prefeitura de Salvador em 2012. Além disso, quando era governador da Bahia, Wagner indicou Manuel Ribeiro Filho, ex-diretor da OAS, para a Secretaria de Desenvolvimento Urbano do estado. No cargo, Ribeiro Filho foi responsável pela licitação de uma obra de R$ 581 milhões vencida pela própria OAS.

Nenhum comentário:

Postar um comentário