sexta-feira, 28 de maio de 2010

BARROCAS DA MINHA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA E A DE HOJE

Casa onde vivi minha infância em Barrocas (primeira da esquerda - permanece igual a 60 anos atrás).

Nasci em Barrocas a 20 de outubro de 1938, às dez horas de um dia de quinta-feira, em uma casa alugada de propriedade do senhor José Olegário, situada em uma rua que na época nem nome tinha. Depois construíram um açougue e ficou sendo chamada Rua do Açougue; depois meus pais Ediel de Assis Batista e Maria Pimentel Batista se mudaram para uma casa também alugada do Senhor Aniceto, era vizinha da venda de Ângelo de Aniceto. Esta casa ainda existe, fica na rua paralela à estrada de ferro, pelo lado de cima, próxima à estação. Hoje a rua foi batizada com o nome de João Afonso.

Cresci ouvindo o barulho do trem e os apitos das locomotivas a vapor. De Barrocas meus pais foram Morar na Fazenda Fortuna. Eu tinha 6 anos. Mas não perdi o contato com Barrocas: vinha à feira aos sábados e passava temporada com meus primos, filhos de meus tios Simeão e Pedrinho Pimentel.


Mesmo depois que nos mudamos para Alagoinhas, nunca deixei de vir a Barrocas, vinha passar férias ou visitar meus avós na Fazenda Fortuna. Vinha e voltava de trem. O RC 1 trazia-me de Alagoinhas e os RC 2 levava-me de volta com muita saudade. As siglas eram os prefixos dos trens de passageiro subindo ou descendo respectivamente (RC: Rápido do Centro). Passava em Barrocas lá pelas 13h40min h. Em casa do meu padrinho Carlos de Torquato e Dete ou na casa de Donato e Marocas sempre encontrávamos acolhida e comida gostosa enquanto esperávamos o trem - que apesar de ter o nome de “rápido”, atrasava sempre. Fiquei muito tempo ausente por motivo de estudo e de ocupações profissionais. Perdi o contato com Barrocas, com amigos de infância e parentes.


A convite de João Neto, vim a Barrocas e passei três dias. Encontrei não mais aquela vila que deixei havia tantos anos, mas uma cidade no padrão das cidades em desenvolvimento da nossa região. Não vi mais uma pedreira que havia entre a estação e a igreja nem os grotões escavados pelas enxurradas no barro vermelho da ladeira. Encontrei uma moderna praça com jardim e passeios amplos e bem cuidados - cartão postal da cidade. Também a igreja foi completamente reformada, ampliada um encanto. Não mais uma capela, mas uma Igreja Matriz da Paróquia de São João Batista.



A estação desativada; acabaram os trens de passageiros e de mercadorias; senti saudade do apito do trem. Mas vi grande movimento de carros, caminhões e outros veículos. Nem há mais aquele pé de flamboyant plantado pelo senhor Antônio Queiroz, em cuja sombra os feirantes vendiam suas mercadorias nos dias de sábado. Mas vi um açougue e um centro comercial modernos, com boxes para negociantes e espaço coberto para os barraqueiros.
Percorri as ruas antigas, as primeiras que surgiram ao redor da estação. Em cada canto eu identificava a casa de um morador antigo, onde havia uma casa comercial. Algumas ainda existem outras cederam o terreno para novas casas. Muitos nomes de pessoas vieram-me à mente. Alguns já morreram, outros se mudaram para outras cidades como eu.
Lá da frente da igreja como também lá do alto onde morava o senhor Sinfrônio Queiroz olhei o horizonte; vi toda a cidade; senti falta da caatinga que circundava a Barrocas de minha infância e os pastos adjacentes. Acabou a caatinga. Tudo pasto. Foi aí que me vieram à lembrança nomes de árvores, arbustos e outras plantas nativas; recordei nomes de pássaros e de outros bichos igualmente nativos que habitavam a caatinga da região.



Terminando a minha viagem imaginária no tempo, dei-me conta do quanto Barrocas se desenvolveu e como se tornou tão linda. Estou encantado com minha terra. Sempre estou voltando para visitar e recordar minha infância e adolescência.

Um comentário:

  1. Ótimo blog para se tomar conhecimento da história de Barrocas. Parabéns por esse tambem.
    Um abraço!
    Mara

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