Apenas dois dias após dizer que não “existe uma viva alma mais honesta do que eu”, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu para ser dispensado da convocação para depor como testemunha de um processo ligado a Operação Zelotes, que investiga a compra de medidas provisórias durante o seu governo. De acordo com matéria da Folha de São Paulo desta sexta-feira (22), os advogados de Lula justificaram o pedido alegando que o petista “nada mais tem a acrescentar” em relação ao que foi esclarecido no depoimento feito à Polícia Federal no último dia 6, em outro inquérito da Zelotes.
O secretário-geral do PSDB, deputado federal Silvio Torres (SP), destacou a incoerência entre o discurso e os atos do ex-presidente. “Quem é tão honesto, como Lula alega ser, não deve ter tanto medo de depor. Essa alegação usada por ele, de já ter dito tudo o que tinha para falar, para deixar de atender à convocação mostra que o Lula não está com vontade ou disposição para colaborar com as investigações”, avaliou.
Lula foi convocado para depor como testemunha do lobista Alexandre Paes dos Santos, preso sob a acusação de ter participado da compra de MPs que interessavam ao setor automotivo. A defesa do ex-presidente afirmou, em petição enviada à Justiça Federal de Brasília, que o petista já havia fornecido as explicações sobre o assunto no depoimento dado à Polícia Federal durante as investigações do inquérito da PF que apura pagamentos a Luis Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente.
Segundo matéria do Estadão, Lula chegou a afirmar, durante o depoimento, que a associação com lobistas para viabilizar MPs é “coisa de bandido” e que “tanto ele quanto seus parentes jamais exerceram lobby ou consultoria empresarial”, apesar do pagamento de R$ 2,5 milhões feito pelo lobista Mauro Marcondes Machado, preso em decorrência das investigações da Zelotes, ao filho do ex-presidente. A crítica de Lula a esse tipo de ato, ao mesmo tempo em que a ligação de seu filho com um lobista preso é investigada, também foi analisada por Silvio Torres. “Como sempre, ele busca confundir a opinião pública, querendo se mostrar como um injustiçado, um perseguido. A lama já está chegando a Lula e ele só quer se vitimizar”, destacou.
O jornal também destaca que os R$ 2,5 milhões recebidos por Luis Cláudio podem estar relacionados não somente com a edição de MPs, mas também com a aquisição de caças suecos pela Força Aérea Brasileira.
A possibilidade de Lula não prestar um novo depoimento depende da avaliação de Marcelo Leal, advogado do lobista Alexandre Paes dos Santos, que arrolou o ex-presidente como testemunha. Leal insistirá na convocação de Lula se entender que as respostas dadas pelo petista no depoimento anterior não forem satisfatórias.
Mais ligações entre petistas e condenados
O envolvimento entre Jaques Wagner, ministro-chefe da Casa Civil, e Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS condenado a mais de 16 anos de prisão pela participação em crimes investigados pela Operação Lava Jato, foi evidenciado mais uma vez com a notícia, também publicada pela Folha de São Paulo, de que a filha do petista é funcionária da Enseada Indústria Naval, empresa que tem a empreiteira OAS como uma das acionistas.
O fato não é, entretanto, a única ligação entre os nomes de Wagner e Pinheiro. Mensagens de celular analisadas pelos investigadores da Operação mostram que o ministro e o empreiteiro haviam negociado doações para a campanha petista à prefeitura de Salvador em 2012. Além disso, quando era governador da Bahia, Wagner indicou Manuel Ribeiro Filho, ex-diretor da OAS, para a Secretaria de Desenvolvimento Urbano do estado. No cargo, Ribeiro Filho foi responsável pela licitação de uma obra de R$ 581 milhões vencida pela própria OAS.
Fonte: http://www.psdb.org.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário