sexta-feira, 8 de outubro de 2010

OS RESGUARDOS E OUTROS CUIDADOS COM A SAÚDE

Em Barrocas de antigamente, como era difícil o acesso aos centros de saúde e muito precários os cuidados com a higiene, os resguardos e outros cuidados eram rigorosamente observados para evitar doenças ou recaídas. O resguardo da mulher parida era o mais rigoroso de todos; durava 40 dias. A parida ficava com os ouvidos tapados com algodão e cabeça amarrada. Muito preconceito e crendices giravam em torno da mulher desde quando estava “naqueles dias” até o final do resguardo. Durante esse tempo, muitas comidas eram proibidas, banhos só de folhas cozidas.

Quando uma mulher estava próximo a dar à luz, já ia preparando os capões para comer durante o resguardo; preparava uma bebida com cachaça, mel e folhas aromáticas (a famosa meladinha), para oferecer às amigas e comadres que a vinham visitar. Logo que a criança nascia, soltavam-se foguetes para avisar que a criança tinha nascido e a mãe já tinha “se livrado” (expelido a placenta). Se a criança era homem, soltavam-se três foguetes; se mulher, dois. O umbigo de menino era enterrado no quintal da casa, mas de preferência na porteira de um curral, pois isso daria sorte ao recém-nascido, segundo a crença de algumas pessoas.


Outros cuidados com a saúde


As pessoas tinham muito cuidado em não misturar certos alimentos com outros e frutas com outras “para não fazerem mal”; Os alimentos eram classificados como carregados e não carregados; as frutas como remosas e em não remosas, quentes ou frias.

Também não bebiam água quando chegavam suadas do trabalho ou de viagem; ao tomar um café quente, não saiam ao vento para não se estoporarem; evitavam tomar água em casa dos outros - em viagem (quase sempre a cavalo, jegue ou a pé), preferiam beber água nos tanques numa cuia ou abaixado jogando água na boca com a mão côncava. Se alguém pedisse água em uma casa, a dona jogava o caneco ou copo no borralho e depois lavava areando com cinza; ao levantar da cama, não pisavam no chão frio...
Quem tivesse sarampo, catapora, varicela, “papeira” (caxumba) observava um rigoroso resguardo: banho só depois de um mês, sendo que o primeiro deveria ser de folhas cozidas de alecrim-de-boi e outras.


Fonte: BARROCAS, uma filha da estrada de ferro – João Gonçalves Pereira Neto e Tiago de Assis Batista – 2007.

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