domingo, 16 de abril de 2017

Emílio Odebrecht sobre Lula: ‘animal político’ e a ‘cachacinha’

16 de abril de 2017 

Entre as dezenas de horas de depoimentos de delação premiada dos executivos e ex-executivos da Odebrecht, os vídeos de Emílio Odebrecht, presidente do Conselho daquela que já foi a maior empreiteira do país, vêm chamando a atenção pela riqueza de detalhes com que descrevem episódios antigos, que ajudam a desenhar a história política recente do Brasil.

A editora da GloboNews Camila Tonin relata que, em um desses depoimentos, Emílio Odebrecht descreve como conheceu o ex-presidente Lula. Ele narra fatos que remontam ao fim da década de 80, quando conheceu Lula por intermédio do então senador Mário Covas.

Emílio explica que foi apresentado ao ex-presidente na própria casa de Mário Covas, num sábado à tarde. Ele lembra que a conversa chegou a durar nove horas, se estendendo do almoço até o jantar. Na época, foi apresentado a Lula por conta de problemas com greves que vinha enfrentando no Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia. A ideia era que Lula, na época, sindicalista, ajudasse com as negociações.

Já mais próximo de Lula, Emílio Odebrecht descreveu o ex-presidente como uma das pessoas “mais intuitivas” que já encontrou na vida. Alguém que pegava as coisas “rápido”, um “animal político”. O pai de Marcelo Odebrecht contou aos investigadores que discutia com Lula os rumos do país e que sempre cobrou do ex-presidente uma posição clara sobre a pressão do PT sobre uma possível estatização da Petrobras. No depoimento, Emílio lembrou que Lula foi enfático na resposta: “você me conhece, não sou de estatizar”.

Logo em seguida, Emilio falou de uma conversa que teve com o general Golbery do Couto e Silva, um dos ideólogos da teoria de Segurança Nacional da Ditadura. Na ocasião, Golbery fez uma descrição do ex-presidente Lula que marcou Emílio Odebrecht: “Emílio, o Lula não tem nada de esquerda. Ele é um bon vivant”.

Aos procuradores, Odebrecht disse que concordava. “Lula gosta da vida boa, de uma cachacinha e tal. (…) A coisa que ele mais quer ver é a população carente sem prejuízo. (…) Não é tirar de um pra dar pro outro, não˜, finalizou.

Via: g1.globo

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