quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

LEGAL MAS IMORAL


Genoíno, deputado. Legal, é. Imoral, também! por Ricardo Noblat

O PT sente-se em dívida com seu ex-presidente José Genoino - aquele que estava à frente do partido quando Roberto Jefferson deflagrou o escândalo do mensalão.

O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Genoino a seis anos e 11 meses de cadeia em regime semiaberto.

Durante parte da pena ele ficará preso em colônia penal agrícola. Ou industrial. Ou em estabelecimento similar.

Há consenso dentro do PT: Genoino foi um inocente. Assinou sem ler ou sem medir as consequências papéis que Delúbio Soares, então tesoureiro do PT, pediu que assinasse.

Eram papéis relativos a falsos empréstimos bancários arranjados por Delúbio e o publicitário mineiro Marcos Valério - os dois condenados a muitos anos atrás das grades.

Abriu-se uma vaga de deputado federal do PT com a saída do seu titular para assumir o cargo de prefeito. Na condição de primeiro suplente, Genoino ocupará a vaga a partir de hoje. É a homenagem que o PT lhe prestará. Quer dizer: homenagem por ter sido um bobão - na versão edulcorada do PT.

A condenação dos réus do mensalão ainda não transitou em julgado - o que só deverá ocorrer em meados deste ano.

Nada impede, portanto, que Genoino atravesse os próximos meses na condição de deputado. Nada impede, mas...

Em país onde a política é levada a sério um fato como esse seria considerado impensável.

Onde já se viu um condenado pela Justiça exercer função de representação popular?
E o pudor?
 E o respeito à sacralidade do mandato eletivo?
E a deferência ao eleitor?

Por meio do seu advogado, Genoino explicou que assumirá o mandato justamente em deferência aos mais de 90 mil paulistanos que votaram nele.

Quantos votaram em Genoino na eleição de 2002? O mensalão data de 2005.

Por que ele faltou com o respeito aos eleitores daquela época se metendo com o que não devia se meter?

Tem mais: Genoíno tomará posse durante o recesso da Câmara dos Deputados. Assim embolsará salário, verba de representação e outros benefícios referentes a 30 dias de férias.

É legal proceder assim? É.
 É moralmente defensável?
Não, não é.
Até meados do primeiro semestre do ano passado, o PT imaginou que a maioria dos réus do processo do mensalão acabaria inocentada pelo STF.

Pouco antes do julgamento começar em agosto, contava com sua condenação - mas sem cadeia... Continuar lendo

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