segunda-feira, 18 de março de 2013

A Pujança da Igreja Católica


 
Côn.José Geraldo Vidigal*
Os meios de comunicação social deram, mundo todo, relevo aos fatos referentes à eleição do novo Papa. Antes e depois, com comentários que revelaram a bifurcação que impera entre os seres humanos: uns a verem apenas sombras nos fatos e pessoas e outros, felizmente, contemplando neles os esplendores da verdade. A eterna luta entre o sim e o não, entre os radicais e os moderados tem ficado mais uma vez patente em ocasiões como esta.
 
O certo é que não se ficou, sobretudo nestes dias, indiferente a tudo que se refere à Igreja católica. Passado já algum tempo da eleição do Papa Francisco, quando, com mais serenidade, vai sendo focalizada sua figura excelsa, impoluta, equilibrada, já se medita mais profundamente o significado desta escolha singular feita pelos Cardeais. Eram já esperados que fossem propalados na imprensa tudo que se poderia dizer falsamente contra a figura do douto Cardeal de Buenos Aires sob o ponto de vista pessoal, político, teológico. Entretanto, sua imagem de admirável homem justo, desprendido dos bens terrenos, democrata acendrado, teólogo consumado, vai pairando acima de todas as incongruências humanas.
 
O problema também é, até da parte de certos teólogos, a facilidade ingênua com que rotulam as pessoas. Ainda agora, um deles a dizer que o novo Papa se revela um bom sacerdote, muito caridoso, mas não ostenta a marca de um profeta (sic). Seja como for, uma das incógnitas era saber porque ele quis se chamar Francisco, quando falavam em Leão XIV, João Paulo III, Paulo VII e quejandos.
 
 O próprio papa já desfez as especulações e afirmou claramente que o nome se refere a São Francisco de Assis. Muitos pensaram em São Francisco Xavier, também jesuíta, e ele será um missionário tão aguerrido quanto o apóstolo das Índias. Falaram em São Francisco de Sales e ele sempre foi um comunicador admirável, devotado à imprensa falada e escrita. Disseram que se reportava a São Francisco de Paula, o notável eremita e ele é um homem de oração, um místico. Pensaram em São Francisco Borja, terceiro superior geral dos jesuítas, e ele tem um tino administrativo tão grande quanto o santo de Borja.
 
 O Papa Francisco, porém, estava a traçar na figura do santo de Assis um verdadeiro programa de seu pontificado. Contudo, aquilo que se disse acima sobre os santos de nome Francisco se reflete integralmente na pessoa do novo Papa. Um ilustre advogado enviou um e-mail a este articulista e destacou o que já lhe impressionou nas alocuções e no modo de ser do Papa Francisco: ação, fraternidade, silêncio, oração. Aliás, seja dito de plano que ele é bem uma síntese destes cinco renomados Franciscos acima referidos. Notável já foi a atividade apostólica deste antístite na Arquidiocese portenha e ele já traz agora para seu pastoreio de toda a Igreja um ímpeto evangelizador extraordinário firmado num grande interesse pelo povo. Nunca se mostrou um demagogo, mas um populista no bom sentido do termo, ou seja, devotado, sobretudo às pessoas pertencentes às classes menos favorecidas da sociedade. Sua fraternidade rebrilhou sempre e, de fato, ele, desde o início de seu pontificado, tem clamado pela união de todos, inclusive dos que não acreditam em Deus, para ajudarem a construir um mundo mais fraternal, de paz e concórdia universais.
 
Na sua apresentação a milhares de fiéís na Praça São Pedro e de todo o mundo pela televisão, sua primeira atitude foi pedir um minuto de silêncio para que todos rezassem por ele. Já deu, assim, uma diretriz maravilhosa. A prece silenciosa deve ser o momento mais venturoso na vida do cristão que precisa estar em contato intimo com o Ser Supremo, escutando-O e dele solicitando tudo que necessita. No dia seguinte, o Papa foi à Basílica de Santa Maria Maior, a primeira consagrada à Nossa Senhora no Ocidente, e lá ofereceu um ramalhete de flores à Mãe de Jesus e se prostrou de joelhos numa atitude admirável de uma prece que foi retratada nos jornais de todo o mundo. Algumas de suas contundes frases já ecoaram por toda parte demonstrando os rumos que ele quer dar a este novo pontificado.
 
 Em suma, a simplicidade marcante que já imprimiu na maneira de agir e de ser, a determinação com que ele, como Arcebispo, tinha se dirigido ao Governo atual da Argentina sobre pontos éticos importantes patenteiam que ele guiará a grei de Cristo fortiter et suaviter. Terá a firmeza de Pedro e a suavidade, a doçura de Francisco de Assis! A este Cristo pediu que restaurasse sua Igreja e ele há de afastar os escândalos causados por tantos maus eclesiásticos, há de reformar a Cúria Romana e será como Pedro uma rocha inabalável no meio do mar revolto dos tempos da pós-modernidade.
 
  Fonte: Côn.José Geraldo Vidigal de Carvalho
  * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.  

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