domingo, 30 de maio de 2010

JUMENTO, MEU IRMÃO.

(Imagem tirada de uma publicação do blog citado na matéria)

São Francisco de Assis chamava todas as criaturas de irmãs: Irmão sol, irmã lua, irmã terra, irmã água, irmão lobo... Imagino com que carinho ele chamaria de seu irmão o nosso jegue, jumento ou jerico de irmão! Imagine se ele soubesse que um dia, muitos séculos depois dele, os brasileiros dissessem que um jegue carregou no lombo o menino Jesus e Maria, sua mãe, fugindo para o Egito e que o Menino fez xixi deixando uma marca indelével nas espáduas do animal. E mais ainda, se ele soubesse que um brasileiro nordestino tinha chamado o jumento de seu irmão!

Estou escrevendo isso, porque gostei de ver nosso jeguinho referenciado no blog http://jornalanossavoz.blogspot.com. Tenho simpatia por este animal. Servi-me muito dele para ir à escola da Fazenda Fortuna para Pedra (Teofilândia), quando menino.
Era de jegue que eu ia da Fortuna para Barrocas nos dias de feira vender objetos de funileiro (caneco, candeeiro, chaleira, papeiro... fabricados por meu pai, Seu Ediel) debaixo da sombra da árvore de Antônio Queiroz, ou durante a semana levando carga de sisal pra vender. Era de jegue que eu ia no meio de uma cangalha com dois caixões ao lado levando caju para vender em Barrocas. Eu era menino e fiz isso entre os 8 e 13 anos.

Se o jegue carregou o Menino Jesus, eu não sei. Mas que me carregou no lombo e carregou muitos barroquenses e mercadoria, eu dou testemunho.

Dois monumentos deveriam haver na praça de Barrocas: uma locomotiva a vapor (maria-fumaça) e um jegue, como símbolo do progresso de minha terra.
Não quero que hoje o jegue continue carregando pessoas e mercadorias em seu lombo, mas quero vê-lo pastando livre tranqüilo, pelos pastos e campinas e não soltos pelas ruas ou às margens do asfalto correndo perigo de morte.

Mas se um pobre da roça não tem carro nem moto para andar ou prestar outro serviço, nosso irmão jumento não se negará de oferecer seus préstimos para levar seu dono à feira ou botar uma carguinha de lenha, de mandioca, de sisal.

Irmão jegue, meu abraço!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

BARROCAS DA MINHA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA E A DE HOJE

Casa onde vivi minha infância em Barrocas (primeira da esquerda - permanece igual a 60 anos atrás).

Nasci em Barrocas a 20 de outubro de 1938, às dez horas de um dia de quinta-feira, em uma casa alugada de propriedade do senhor José Olegário, situada em uma rua que na época nem nome tinha. Depois construíram um açougue e ficou sendo chamada Rua do Açougue; depois meus pais Ediel de Assis Batista e Maria Pimentel Batista se mudaram para uma casa também alugada do Senhor Aniceto, era vizinha da venda de Ângelo de Aniceto. Esta casa ainda existe, fica na rua paralela à estrada de ferro, pelo lado de cima, próxima à estação. Hoje a rua foi batizada com o nome de João Afonso.

Cresci ouvindo o barulho do trem e os apitos das locomotivas a vapor. De Barrocas meus pais foram Morar na Fazenda Fortuna. Eu tinha 6 anos. Mas não perdi o contato com Barrocas: vinha à feira aos sábados e passava temporada com meus primos, filhos de meus tios Simeão e Pedrinho Pimentel.


Mesmo depois que nos mudamos para Alagoinhas, nunca deixei de vir a Barrocas, vinha passar férias ou visitar meus avós na Fazenda Fortuna. Vinha e voltava de trem. O RC 1 trazia-me de Alagoinhas e os RC 2 levava-me de volta com muita saudade. As siglas eram os prefixos dos trens de passageiro subindo ou descendo respectivamente (RC: Rápido do Centro). Passava em Barrocas lá pelas 13h40min h. Em casa do meu padrinho Carlos de Torquato e Dete ou na casa de Donato e Marocas sempre encontrávamos acolhida e comida gostosa enquanto esperávamos o trem - que apesar de ter o nome de “rápido”, atrasava sempre. Fiquei muito tempo ausente por motivo de estudo e de ocupações profissionais. Perdi o contato com Barrocas, com amigos de infância e parentes.


A convite de João Neto, vim a Barrocas e passei três dias. Encontrei não mais aquela vila que deixei havia tantos anos, mas uma cidade no padrão das cidades em desenvolvimento da nossa região. Não vi mais uma pedreira que havia entre a estação e a igreja nem os grotões escavados pelas enxurradas no barro vermelho da ladeira. Encontrei uma moderna praça com jardim e passeios amplos e bem cuidados - cartão postal da cidade. Também a igreja foi completamente reformada, ampliada um encanto. Não mais uma capela, mas uma Igreja Matriz da Paróquia de São João Batista.



A estação desativada; acabaram os trens de passageiros e de mercadorias; senti saudade do apito do trem. Mas vi grande movimento de carros, caminhões e outros veículos. Nem há mais aquele pé de flamboyant plantado pelo senhor Antônio Queiroz, em cuja sombra os feirantes vendiam suas mercadorias nos dias de sábado. Mas vi um açougue e um centro comercial modernos, com boxes para negociantes e espaço coberto para os barraqueiros.
Percorri as ruas antigas, as primeiras que surgiram ao redor da estação. Em cada canto eu identificava a casa de um morador antigo, onde havia uma casa comercial. Algumas ainda existem outras cederam o terreno para novas casas. Muitos nomes de pessoas vieram-me à mente. Alguns já morreram, outros se mudaram para outras cidades como eu.
Lá da frente da igreja como também lá do alto onde morava o senhor Sinfrônio Queiroz olhei o horizonte; vi toda a cidade; senti falta da caatinga que circundava a Barrocas de minha infância e os pastos adjacentes. Acabou a caatinga. Tudo pasto. Foi aí que me vieram à lembrança nomes de árvores, arbustos e outras plantas nativas; recordei nomes de pássaros e de outros bichos igualmente nativos que habitavam a caatinga da região.



Terminando a minha viagem imaginária no tempo, dei-me conta do quanto Barrocas se desenvolveu e como se tornou tão linda. Estou encantado com minha terra. Sempre estou voltando para visitar e recordar minha infância e adolescência.

terça-feira, 25 de maio de 2010

BARROCAS: Primeira escola pública

João Afonso da Silva, fundador da primeira escola pública de Barrocas


"Casa dos Trinta", onde funcionou a primeira escola de Barrocas (1928)


A primeira escola pública foi instalada em Barrocas em 1928, na Casa dos Trinta. Áurea foi a primeira professora. A segunda escola foi instalada na Avenida João Afonso, junto à casa de residência do mesmo; teve como regente a professora Alice de Santa Tereza dos Anjos. As duas escolas foram iniciativa do senhor João Afonso. Eis os nomes (não em ordem cronológica) de algumas professoras que lecionaram em escolas públicas de Barrocas: Maria Bandeira, Eli Queiroz, Odete Pinto de Queiroz, Ana Gonçalves (Anita), Aída, Zenita Teixeira de Freitas, Robélia, Lúcia, Maria Ângela, Elvira, Maria Luiza Queiroz Fernandes, Violeta Barros, Lindaura, Julinha Coelho, Maria Gomber, Junilha Lima Queiroz , Joanita.

No Grupo Escolar Agenor de Freitas, na década de 1960, trabalharam as seguintes professoras: Maria Helena Queiroz, Maria de Lourdes Oliveira Bastos, Genoveva Avelino Queiroz e Silva, entre outras.

No Centro Educacional Desembargador Júlio Veríssimo e Colégio Municipal de Barrocas, atuaram as professoras: Ana Margarida de Queiroz e Silva, Gilneide Avelino de Queiroz, Estelita Rosa Lopes Ferreira, Ninfa Lima Ferreira, Eliene Avelino de Queiroz, Maria Noêmia Ferreira de Oliveira Queiroz, Maria José Oliveira da Silva, Maria Lúcia Rego Araújo, Joanalice Avelino de Oliveira Pasto, Marizete de Queiroz Mota, Joelma Moreira de Oliveira, Maria Francineide de Queiroz, Maria Cecília de Oliveira Mota, Nilza Borges Soares, Raimundo Luiz de Queiroz, Maria da Anunciação Teles da Silva, Maria Maslove de Queiroz Oliveira, Liege Maria Oliveira Queiroz, Zelândia Queiroz Silva e outras mais que estão na lembrança de seus alunos.
Conf.: BARROCAS, uma filha da estrada de ferro, João Gonçalves Pereira Neto - 2007.

sábado, 15 de maio de 2010

BARROCAS E OS MEIOS DE TRANSPORTE



Foto obtida de: http:// estacoesferroviarias.com.br -Visite o site


Toda a vida de Barrocas está ligada à estrada de ferro. O trem lhe deu origem, trouxe o desenvolvimento; transportou os produtos da agricultura e da pecuária locais e da região para a Capital e para cidades longínquas, e de lá também trouxe as mais diversas mercadorias para abastecer os armazéns, vendas e bodegas do povoado e da região.

Mas para que houvesse produtos suficientes para encher os vagões do trem e lenha para alimentar as locomotivas a vapor, foi de grande importância outros meios de transporte como: jumentos, mulas, carroças e caros de bois.

Muitas tropas de animais e carros de bois chegavam a Barrocas carregados de mercadorias: Sacos de milho, feijão, mamona, capoeiras de galinhas, caixas de ovos, couros e peles de animais; depois veio o sisal. Tudo era comprado pelos armazéns e embarcado no trem. E assim, o dinheiro vinha de fora e circulava em Barrocas, trazendo o progresso.

Com o abandono da ferrovia pelo Governo, apareceram os caminhões. João Olegário foi o primeiro proprietário de caminhão em barrocas, transportando muito sisal para São Paulo. Embora com as estradas inadequadas ou em condições precárias, os caminhões substituiram o trem no transporte de cargas e, em alguns casos, até de passageiros, nos famosos "paus-de- rara. (Do livro: BARROCAS, uma filha da estrada de ferro ; João Gonçalves Neto e Tiago de Assis - 2007).

Hoje, Barrocas é bem servida de transporte rodoviário de carga e de passageiros. Com o melhoramento da estrada que liga a cidade a Serrinha, esse serviço ainda vai ser melhor, aumentando o progreeso de nosso município.

domingo, 9 de maio de 2010

BARROCAS: INICIO DA FEIRA


Atual Centro de Abastecimento de Barrocas em dia de feira.


Em 1940 teve início a pequena feira livre, embaixo de uma árvore em frente à casa comercial do senhor Antônio Queiroz, onde se comercializavam cereais e produtos cultivados na zona rural, laranjas vindas de Alagoinhas; utencílios de barro: panelas, potes, aribés, frigideiras; objetos feitos de lata: candeeiros, chaleiras, canecos, papeiros, miudezas, doces e massas. A referida árvore era muito famosa não só por sua beleza, por abrigar os feirantes, mas também por ser ponto de encontro de amigos em sua sombra para bater papo e atualizar o noticiário local; foi plantada por Antônio Queiroz.

Com o desenvolvimento comercial, a feira foi transferida para uma área atrás da estação que oferecia mais espaço para acomodar o número cada vez maior de feirantes.

Em oito de junho de 1971, o Prefeito Municipal de Serrinha, através do o ofício de nº 155/71, pede ao então bispo diocesano, Dom Jackson Berenguer Prado, o aforamento da área de terreno, onde a feira já estava de fato sendo realizada, para a construção de um futuro mercado, uma vez que aquele terreno pertencia à Igreja.


Hoje, Barrocas já possui seu Centro de Abastecimento com área coberta para armação de barracas de feirantes. Na feira, encontra-se uma abundante quantidade de variadas frutas, verduras, cereais e até tecidos, confecções e utilidades várias. No açougue são vendidas carnes de vários animais e víceras. Os açougueiros vão se adaptando às normas estabelecidas pelos órgãos competentes para salvar a higiene na comercialização dos produtos animais.